sexta-feira, 15 de maio de 2009
Numa inexplicável simbiose
Havia dois corpos, belos, porem dois. Limitados a essa dualidade confrontavam-se por energia. Confrontavam-se por vida. Dois corpos, que se tocavam, porem ainda dois. Limitados por essa dualidade, conformavam-se com a troca de energia. Com a troca de vida. Um corpo. Cheio de energia, cheio de vida. Não-corpo, só energia e vida. E eu, no meu voyeurismo, me preenchia com essa energia, me preenchia com essa vida, numa inexplicável simbiose.
domingo, 26 de abril de 2009
Amor
Havia uma flor. Bela, tão bela que me completava e me preenchia. Resolvi, de súbito, pegá-la. Sem nem mesmo ter tempo de respirar, levei-a ao nariz. Aspirei um cheiro doce. Amargo, suave, intenso... picante. Esse aroma inundou meus pulmões, encheu minha alma.
Levei-a pra casa, coloquei em um vaso. Mas, ela não era bonita naquele vaso... era tão somente a lembrança daquela flor que peguei no caminho de casa. A lembrança me bastava. E o cheiro, o cheiro era doce, amargo, suave, intenso, picante, sem cheiro e enchia a minha casa, os meus pulmões, não mais a minha alma. A casa estava perfumada e isso me bastava.
Um dia, a flor secou. Não lembrava mais a flor que eu havia colhido, tampouco cheirava algo. Era simplesmente algo morto, parado. Inerte. Resolvi tirá-la dalí, mas... o que as visitas iriam pensar ao ver um vaso sem flor? Deixei-a, então. Ela preenchia o vaso e isso me bastava.
Seca. Tão seca a flor estava, que me secava por dentro. Me secava, me cortava a alma.
Joguei-a fora. De imediato, um alivio. Mas foi terrível pra mim ver o vaso vazio... o que as visitas iriam pensar?
Havia uma flor. bela... tão bela que me completava e me preenchia. Que reanimava minha alma cortada pela outra flor. Deixei-a ali, para que não secasse em um vaso.
Para que não me secasse a alma.
Levei-a pra casa, coloquei em um vaso. Mas, ela não era bonita naquele vaso... era tão somente a lembrança daquela flor que peguei no caminho de casa. A lembrança me bastava. E o cheiro, o cheiro era doce, amargo, suave, intenso, picante, sem cheiro e enchia a minha casa, os meus pulmões, não mais a minha alma. A casa estava perfumada e isso me bastava.
Um dia, a flor secou. Não lembrava mais a flor que eu havia colhido, tampouco cheirava algo. Era simplesmente algo morto, parado. Inerte. Resolvi tirá-la dalí, mas... o que as visitas iriam pensar ao ver um vaso sem flor? Deixei-a, então. Ela preenchia o vaso e isso me bastava.
Seca. Tão seca a flor estava, que me secava por dentro. Me secava, me cortava a alma.
Joguei-a fora. De imediato, um alivio. Mas foi terrível pra mim ver o vaso vazio... o que as visitas iriam pensar?
Havia uma flor. bela... tão bela que me completava e me preenchia. Que reanimava minha alma cortada pela outra flor. Deixei-a ali, para que não secasse em um vaso.
Para que não me secasse a alma.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
A volta de Dionísio
Já fazia mais de um ano que ele havia partido, toda a minha revolta e minha dor já tinham se assentado. Eu já não sofria mais.
No dia primeiro de dezembro, dia mundial de combate a AIDS, ele voltou a minha mente. Eu sabia que não era somente por causa do dia, hiavia algo mais. Passei o dia todo me debatendo, como um animal que apesar de não saber onde está, sabe que está preso de alguma forma. A noite caiu, fui pra minha aula de floral. Aprendi a essência Gorse, é para aqueles que acreditam que não vale a pena lutar por mais nada. Eu o vi em seus últimos dias na descrição do perfil negativo desse floral: a vida era pesada, um fardo, algo que não era mais possível suportar. Fui ao banheiro e chorei. “Se eu tivesse conhecido os florais antes...”, “ Se eu tivesse sido um pouco mais maduro...” Enxuguei as lagrimas e voltei a aula.
Passei dois meses com uma angustia dentro de mim, era como se eu tivesse uma mariposa se debatendo dentro do meu corpo desejando liberdade. Não sabia o porque dela estar ali, nem mesmo o que a prendia, afinal, “eu já havia me despido da grande maioria dos meus antigos padrões”. Não havia vela, não havia meditação, prece ou incenso que tirasse aquela mariposa de mim. Já estava me habituado a ela.
Comecei a tomar Star of bethlehem, o floral da limpeza da alma, foi como uma chuva depois de um dia quente. A mariposa, mesmo assim, não saia de dentro de mim, ao contrario, ela se debatia cada vez mais com esse floral. Viajei. Fui pra Bahia e a mariposa se acalmou com um ramo de arruda de uma baiana cheia de axé. Como era bom respirar novamente, sem toda aquele estardalhaço que as assas dela faziam.
Em uma manha chuvosa, em uma praia semideserta, com falésias atrás mim, o vento soprando sobre meu rosto, o mar agitado e as ondas molhando meus pés, foi que finalmente compreendi. Era preciso que eu libertasse para poder ser livre. Coloquei minha mão sobre meu peito e respirei fundo. Pela primeira vez, me senti livre de toda culpa. Star of bethlehem mostrou-me outra de suas fases, além de ser como a chuva, era como um bálsamo que ao mesmo que tempo que conforta, faz arder às feridas, para que eles se tornem vivas e possam finalmente cicatrizar-se por completo. Aquela mariposa saio de mim,voou livre, rumo a um local longe do meu controle. Longe dos meus braços, que querendo confortar e acolher, acabaram sufocando. Longe da minha carência que a aprisionava. Eu finalmente libertei parte do Filho de Dionísio que eu ainda guardava em mim por insegurança, por medo do novo. Senti uma energia terna me envolvendo, era como um abraço caloroso de quem se despede, vi essa energia indo para um local além da minha compreensão. Não consegui segurar a lagrima que escorreu e molhou meu sorriso.
O vento sussurrou em meu ouvido o que me pareceu a música mais apropriada para a situação, e eu cantei, embalado pela energia do momento:
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Consciência
Meu corpo se encheu de água do mar, jorrando por todos os poros. Um pequeno homem de luz entrou pelo topo da minha cabeça, e começou a nadar naquele meu mar. Como se fosse algo natural àquela criaturinha de luz se expandiu e tornou todo o meu corpo luz. Minhas mãos formigavam. Meu corpo não jorrava mais água pelos poros, mas sim luz.
Foi quando então que vi olhos, negros como a noite, cheios de lagrimas, cheios de dor. As lágrimas borravam toda a figura que começava a ganhar cor, tornar-se uma borboleta. Com suas asas coloridas começou a voar ao meu redor e pousou nas minhas cortas, bateu asas mais algumas vezes e grudou-se em minha pele. Ela agora fazia parte de mim.
Como era libertador ter uma borboleta fazendo parte de mim. Estava sentindo a liberdade tão intensamente que nem notei que havia um logo do meu lado, um lobo cinza, que me olhava com olhos ternos e ao mesmo tempo olhava ao redor como quem vigia. Senti-me grato por ele estar ali. Havia uma cobra junto com ele, não sei ao certo qual era sua cor, só sei que ela me envolvia com um circulo. Sem que eu fizesse nada ela entrou pela base da minha coluna e subiu até o topo de minha cabeça. Meu corpo tremia, uma sensação de força e poder irradiavam em meu ser. Era prazeroso, mas assustava.
Senti então necessidade de deitar. E assim que me deitei vi luzes sobre mim, elas ardiam como fogo, mas não queimavam. Alojaram-se em várias partes do meu corpo e traziam mais energia praquele corpo que já estava repleto de luz. Senti-me pleno, senti que fazia parte do mundo, senti que era um com o universo.
Quando levantei, não havia mais luzes, cores, nem mesmo asas de borboleta. Mas havia grandes asas, lindas e que refletiam todas as cores do arco-íris. E novamente me senti grato por ver todas as minhas verdadeiras cores.
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