domingo, 26 de abril de 2009

Amor

Havia uma flor. Bela, tão bela que me completava e me preenchia. Resolvi, de súbito, pegá-la. Sem nem mesmo ter tempo de respirar, levei-a ao nariz. Aspirei um cheiro doce. Amargo, suave, intenso... picante. Esse aroma inundou meus pulmões, encheu minha alma.
Levei-a pra casa, coloquei em um vaso. Mas, ela não era bonita naquele vaso... era tão somente a lembrança daquela flor que peguei no caminho de casa. A lembrança me bastava. E o cheiro, o cheiro era doce, amargo, suave, intenso, picante, sem cheiro e enchia a minha casa, os meus pulmões, não mais a minha alma. A casa estava perfumada e isso me bastava.
Um dia, a flor secou. Não lembrava mais a flor que eu havia colhido, tampouco cheirava algo. Era simplesmente algo morto, parado. Inerte. Resolvi tirá-la dalí, mas... o que as visitas iriam pensar ao ver um vaso sem flor? Deixei-a, então. Ela preenchia o vaso e isso me bastava.
Seca. Tão seca a flor estava, que me secava por dentro. Me secava, me cortava a alma.
Joguei-a fora. De imediato, um alivio. Mas foi terrível pra mim ver o vaso vazio... o que as visitas iriam pensar?
Havia uma flor. bela... tão bela que me completava e me preenchia. Que reanimava minha alma cortada pela outra flor. Deixei-a ali, para que não secasse em um vaso.
Para que não me secasse a alma.